Todo radicalismo é perigoso. O extremismo que reveste certas atitudes esconde, muitas vezes, a falta de conhecimento e experiência. E o pior, camufla a carência de objetivos positivos e claros que apenas um pensamento esclarecido pode oferecer.
Atualmente, temos contato com diversas formas de radicalismo. Os mais badalados são o radicalismo religioso e o político. O radicalismo econômico, embora grave, não é muito discutido porque não entendemos muito de economia. Nós, pobres mortais, só sabemos que “a coisa está feia” quando o dinheiro acaba antes do final do mês.
Contudo, há um radicalismo disfarçado que ronda as nossas empresas. Refiro-me à radicalização do consumo de tecnologia. Não é de hoje que a sociedade de consumo busca fincar os pés no mercado de tecnologia da informação. Atiçados pela febre das novidades, somos frequentemente induzidos a consumir produtos que não agregam valor aos negócios. Tudo em nome do consumismo tecnológico.
Os rótulos são cada vez mais criativos. Sempre existe alguém querendo nos vender um “produto mais moderno”, uma “inovação tecnológica” para “quebrar os paradigmas”. Inúmeros investimentos em sistemas de informação sofisticados e dispendiosos fracassam porque nem sempre a “tecnologia de ponta” traz os resultados que as empresas precisam. Consultores, técnicos e empresários não percebem, muitas vezes, que existem alternativas tecnológicas mais simples que podem ajudar as empresas, especialmente as pequenas e médias, a melhorar a gestão de seus negócios. Afinal, os sistemas de informações empresariais além de eficientes e modernos devem ser também compatíveis com a realidade econômica, social e cultural das empresas. Eles devem caber no bolso e na realidade das empresas.
É claro que novas tecnologias são importantes para o crescimento, porém não devemos nos deixar levar pelo consumismo. A prudência e o planejamento devem nortear o processo de seleção das tecnologias que merecem investimentos. As métricas de negócio, os critérios de decisão para investimentos, o conhecimento da realidade das empresas e do mercado são essenciais para decidir onde e como investir. Todo tecnologia inovadora deve passar pelo crivo do custo/ benefício antes de receber qualquer centavo.
A inovação tecnológica deve contribuir para a melhoria dos resultados das empresas. Não é apropriado permitir que o fascínio das novidades nos seduza. Afinal, como diz o ditado, “Nem tudo o que reluz é ouro”.
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