12/03/2004

Hackers, Crackers e outros cyber-seres

Não se trata mais de filmes de ficção científica ou marketing das empresas de tecnologia para vender produtos e serviços. É realidade. Acontece em nosso país. As notícias de supostos casos de espionagem e fraudes envolvendo grandes empresas e personalidades públicas são no mínimo inquietantes. E como já dizia a minha saudosa avó, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

A Segurança da informação vem se tornando uma das principais preocupações de todas as organizações. Como se não bastasse o sobressalto diário dos ataques de vírus e a elevada quantidade de spams, surge agora no cenário nacional a problemática do roubo de informações, mais conhecida pelo seu nome cinematográfico: A espionagem industrial.

Os fatos noticiados recentemente na imprensa estão causando muita apreensão. Afinal de contas, interceptação de e-mails, telefonemas e invasão de sistemas são atos previstos em lei como crimes. Por isso, todos nós, empresários e profissionais de informática temos uma ótima oportunidade para fazer o dever de casa, reavaliar conceitos e repensar procedimentos de segurança da informação. Quem sabe até não seja esse o momento certo para olhar além do horizonte e avaliar os planos de contingência e a continuidade de negócios?

Nos últimos anos, vários estudos e estatísticas tem apontado, em todo o mundo, o aumento de casos de invasões. Estima-se que os prejuízos sejam consideráveis. Muitos fatos indicam que os ataques de agentes externos (hackers, crackers e gangues cibernéticas) não se tratam mais de brincadeiras de adolescentes incompreendidos. Já se percebe um viés profissional, pois afinal de contas, é necessário um considerável “Know How” tecnológico para invadir sistemas.

O “Aberdeen Group”, divulgou uma pesquisa, realizada junto a 162 empresas, onde foi detectado que as organizações sofreram em média um caso de ataque virtual por ano, provocando interrupções não programadas de seus sistemas corporativos em cerca de 22 horas.

As conseqüências financeiras destas interrupções são difíceis de medir. Muitas vezes não se sabe que métricas devem ser usadas. Em outros casos, mesmo sabendo o valor da conta, o silêncio fala mais alto e a empresa nada divulga sobre o assunto. Portanto, não existem números precisos, mas segundo alguns analistas, as organizações que sofrem paralisações dos negócios por causa de “cyber-ataques” podem ter prejuízos de até US$2 milhões.

Sem dúvida, a definição de políticas de segurança da informação merece maior atenção. A propósito, a implementação de ações concretas para proteção das informações corporativas precisa adquirir caráter obrigatório nos meios empresariais. Como diria a “Vandinha”, minha secretária doméstica, – “Quando a gente vê a barba do vizinho pegando fogo, a gente coloca a nossa de molho”.

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12/02/2004

Segurança da Informação: Uma necessidade?

O ser humano sempre se preocupou com a sua segurança pessoal e a proteção de seus bens. Esta preocupação ajudou-o a descobrir o fogo e inventar armas para se defender de seus inimigos e proteger seu patrimônio. Segurança e sobrevivência também levaram os homens a fundar cidades e se organizar em sociedade.

Atualmente os avanços econômicos e sociais nos apresentam novos desafios. Os computadores, sistemas integrados e, sobretudo a Internet nos inseriram na era da informação. Em nenhuma outra época houve tanta disponibilidade de conhecimento e mudanças tão velozes. Segundo o IBGE as vendas do comércio varejista pela Internet passaram de 0,10%, em 2000, para 0,21% em 2002, ampliando a receita líquida de R$ 201,5 milhões para R$ 530 milhões no mesmo período. Atualmente, qualquer um pode fazer compras, pagar contas e fazer investimentos usando o computador em sua casa ou escritório. Podemos até fazer a nossa declaração de imposto de renda pela Internet. Os sistemas informatizados tornaram-se tão essenciais que as empresas que não os utilizarem para suportar seus negócios perderão espaço no mercado.

A tecnologia da informação também tem auxiliado a ciência a criar novos produtos e gerar divisas para o Brasil. Até o final de 2004 serão adicionados até 5% de biodiesel a todo óleo diesel consumido no país. Com isso, cerca de 200 mil empregos diretos poderão ser gerados, um problema ambiental grave será resolvido e muito dinheiro será economizado com importação de óleo diesel. O projeto do biodiesel, desenvolvido em nossa região, produziu muito conhecimento, fruto de pesquisas e experimentos, que não poderiam ser obtidos sem a utilização de computadores, redes de comunicação e sistemas que armazenassem e processassem todos as informações do projeto.

Nós não conseguimos mais administrar nossos negócios sem utilizar computadores e Internet. É espantoso como os negócios dependem cada vez mais da tecnologia da informação, desde as pesquisas científicas até os planos de negócios das empresas. Diante deste cenário, as ameaças de atentados terroristas, roubo de informações, ataques de vírus e as ações criminosas de “hackers” podem trazer conseqüências catastróficas para a economia mundial. Por isso a segurança da informação transformou-se em uma questão inadiável e fundamental para a sociedade.

Por fim, peço licença aos leitores para propor duas questões para reflexão: Que prejuízos as ameaças digitais podem produzir? O que é política de segurança da informação? Acredito que este é um momento oportuno para iniciar um debate sobre este assunto. A segurança de nossas empresas está em risco e, com certeza, cada um de nós pode contribuir na busca de soluções.

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12/01/2004

Uma Feijoada Tecnológica

Diz a lenda que há muito tempo atrás, quando alguém matava um porco, o pé, o rabo e as orelhas eram jogados fora porque não serviam para nada. Até que um belo dia, alguém teve a idéia de misturar aquelas sobras com feijão preto. Depois, a couve e a farofa também foram acrescentadas seguindo o mesmo método. Assim surgiu a feijoada, uma referência na culinária brasileira. Um prato popular que dá prazer a ricos e pobres. A novidade é que o povão pode pagar pela feijoada.
Receitas à parte, imaginem o mercado como um imenso caldeirão que não tem esquentado muito nos últimos tempos. As empresas lutam com muitas dificuldades para cuidar de seus negócios e se manterem vivas. Uma pesquisa recente do Sebrae-SP mostra que o dinheiro dos bancos é uma miragem para 99% das 4,6 milhões de empresas no Brasil. Sobrevivem sem crédito, enfrentam competição acirrada, alta carga tributária, legislação trabalhista complexa, altas taxas de juros etc. E agora, os empresários estão descobrindo que precisam investir “os tubos” em equipamentos, sistemas informatizados, Internet e Segurança da informação para administrar as empresas. De onde virá o dinheiro?
Um velho amigo meu, Dr. Philson Jones, diz que ser empresário no Brasil é viver num eterno “circo dos horrores”. Os fatos mostram que a maioria das empresas vive num verdadeiro “mato sem cachorro”: Precisam investir em tecnologia para informatizar seus negócios, mas não possuem recursos próprios e não tem acesso ao crédito. Acrescentando os altos preços dos softwares e computadores indexados ao Dólar e teremos a receita indigesta da pirataria generalizada.
Contudo, temos novidades. Ouve-se cada vez mais a expressão “Software Livre”. É um conceito polêmico que algumas potências da indústria de Software não gostam. Por outro lado é surpreendente ver empresas como IBM, Novell e Sun aderindo ao modelo de sistemas abertos. Em recente pesquisa com 238 empresas Brasileiras, o “Techlab”, divisão de pesquisa da consultoria “E-Consulting”, revelou que 78% delas já utilizam o sistema operacional Linux em servidores. A mesma pesquisa também mostra que dos U$ 19 bilhões de investimentos em Tecnologia da Informação previstos para 2004, nada menos que 38,5% (U$ 7.3 bilhões) estão associados à projetos para a plataforma Linux. Sem dúvida, o mercado sinaliza que o “Software Livre” é uma alternativa para as empresas.
Talvez o processo de invenção da feijoada nos ajude a criar um novo prato. Uma receita “econogastromática”, fruto da mistura de economia, gastronomia e informática. Primeiro esquentamos o caldeirão (mercado) e misturamos política de software livre, desenvolvedores de software, preço justo, mão-de-obra qualificada, concorrência e financiamento. Tempere com o talento povo Brasileiro e mexa bem até atingir o ponto. Quem sabe não criamos uma feijoada tecnológica para matar a fome de sucesso que as nossas empresas e o nosso país tanto precisam.

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