11/27/2005

O Turismo Rural na Região de Ribeirão Preto

O Turismo Rural é um segmento de negócios novo na região de Ribeirão Preto e no Brasil. O seu surgimento e expansão estão associados aos seguintes fatores: a necessidade que o produtor rural tem de diversificar sua fonte de renda e a vontade da população urbana de escapar do stress, reencontrar suas raízes, conviver com a natureza, com as tradições, costumes e com os valores das populações do interior.

A visitação de propriedades rurais é uma prática antiga e comum no Brasil. Entretanto, a exploração econômica desta atividade, caracterizada como Turismo Rural, tem pouco mais de vinte anos. As primeiras iniciativas ligadas ao turismo em ambiente rural em nosso país foram registradas na década de 80, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Naquela ocasião, alguns proprietários rurais que se sentiam pressionados pelas dificuldades do setor agropecuário, resolveram diversificar suas atividades e descobriram o grande potencial econômico do turismo no ambiente rural.

Na região de Ribeirão Preto, o Turismo Rural começou a ser desenvolvido há cerca de 12 anos atrás. Porém, ainda não apresenta resultados expressivos, porque enfrenta muitas dificuldades como a falta de conhecimento do potencial turístico regional, falta de interesse, organização e escassez de investimentos. Muitos municípios da região ainda não têm projetos turísticos, seja por carência de recursos ou por não reconhecer o potencial de desenvolvimento que esta atividade pode proporcionar. Esqueceram o turismo e apostaram tudo no agronegócio; talvez sem perceber que ambos estão ligados por um cordão umbilical comum: a terra.

Não é difícil constatar a falta de empregos e os seus efeitos danosos na sociedade. Segundo os economistas, a indústria deixou de ser um segmento gerador de postos de trabalho e o comércio não pode crescer enquanto o poder de compra da população estiver em baixa. Muitos defendem que a solução para essa crise é o incentivo ao empreendedorismo. Novos empreendimentos significam novos empregos e mais renda. Nesse aspecto, o Turismo Rural surge como uma alternativa econômica viável, pois ao atrair visitantes que consomem produtos e serviços, ele movimenta a economia, cria novas empresas, principalmente micro e pequenos negócios, gerando novas oportunidades de trabalho. Um exame mais detalhado poderá apontar outros benefícios do Turismo Rural, como por exemplo: conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.

A região de Ribeirão Preto tem uma vocação natural para as atividades rurais. Também possui uma riqueza histórica única e uma cultura singular forjada pela integração de vários povos. Será um sonho impossível implementar um conjunto atividades turísticas em nosso meio rural? Não será este um novo caminho para estimular a biodiversidade econômica? Talvez esta seja uma ótima oportunidade para incentivar uma indústria limpa, resgatar e promover a herança cultural e o patrimônio natural da comunidade interiorana.

Por Orlando Ribeiro

Publicado no Jornal A Cidade de Ribeirão Preto em 22/11/2005

11/13/2005

200 anos de devastação

Não sou biólogo, ambientalista, ou cientista. Também não pertenço ao clube daqueles que são contra o progresso e hostilizam os empreendedores. Sou um cidadão e não aprovo radicalismos. Entretanto, ao fazer uma pesquisa sobre a História da região de Ribeirão Preto, percebi a existência de um processo de devastação ambiental que já dura cerca de duzentos anos.
Esse processo começou com as primeiras incursões dos bandeirantes que cruzavam o sertão em busca de ouro e também capturavam índios para vender como escravos. Essas incursões abriram os caminhos para o coração do Brasil e desencadearam o surgimento das primeiras células de ocupação do interior paulista. A natureza perdeu sua virgindade; a mata Atlântica sentiu os primeiros golpes de machado e o cerrado conheceu o fogo dos invasores.
Na segunda metade do século 19, a cultura do café entrou em declínio no Vale do Paraíba e foi nessa época que se descobriu o grande potencial cafeeiro das terras da região de Ribeirão Preto. O café chegou, ganhou força e reinou absoluto durante décadas. A multiplicação dos cafeeiros inaugurou uma nova etapa da devastação ambiental.
Depois de se arrastar por sucessivas crises, a monocultura do café sofreu um duro golpe com a crise de 1929. Os cafeicultores, em sua maioria falidos, passaram a buscar novas culturas para introduzir em suas terras. O algodão e a cana-de-açúcar entraram em cena e, após o fim da segunda grande guerra, com crescimento do consumo de açúcar e álcool, o plantio da cana fortaleceu-se até tomar o lugar do café. No final dos anos 70, com o lançamento do Pro-álcool, a cana conquistou a hegemonia econômica na região. Porém, junto com o progresso, vieram danos ambientais em escala muito maior do que aqueles provocados pelo café.
Paralelamente, o processo de urbanização acelerou-se em virtude do aumento da população e da instalação de novas indústrias. As cidades cresceram desordenadamente causando problemas de ocupação e utilização do solo, falta de saneamento e mais desequilíbrio ambiental.
A situação do aqüífero Guarani, o maior manancial de água doce subterrânea do mundo, é uma conseqüência desse processo de degradação ambiental na região de Ribeirão Preto. Suas águas são utilizadas no abastecimento de água de inúmeras cidades, na indústria e na irrigação. Porém, o desmatamento desenfreado comprometeu seriamente a cobertura vegetal que protegia os seus pontos de afloramento e recarga. A contaminação do solo causada pelo uso de agrotóxicos é outra grave ameaça à qualidade das águas do aqüífero.
A questão ambiental é bastante grave. Já sentimos os efeitos negativos da devastação do meio ambiente pois a natureza está reagindo às agressões que vem recebendo durante décadas. Ou aprendemos a equilibrar progresso econômico, respeito ao próximo e conservação ambiental, ou as próximas gerações pagarão um preço terrível pela nossa incompetência.

Publicado no Jornal A Cidade de Ribeirão Preto em 08/11/2005

10/30/2005

O que preocupa os empresários?

Que me perdoem os profissionais de tecnologia da informação, mas os empresários não estão preocupados com sistemas, computadores ou Internet. O que os preocupa e lhes tira a tranqüilidade e o sono é a sobrevivência de seus negócios. E para sobreviver, eles precisam principalmente controlar custos e aumentar receitas. Porém, um certo número de empresários vive um drama: esses dois processos exigem informações que eles não têm, ou então, não sabem como conseguir.
Esse quadro se agrava quando eles descobrem que, embora os arquivos de seus computadores estejam abarrotados de dados, o sistema de gestão, que lhes custou sangue, suor e lágrimas, não é capaz de fornecer as informações que eles precisam. Sentindo-se engessados e frustrados, percebem que investiram em sistemas que acumulam dados mas não têm poder para produzir informações que forneçam suporte às suas decisões.
Nas questões relativas aos custos, por exemplo, muitas empresas não sabem quanto custa produzir um determinado produto e se o volume de suas vendas justifica a continuidade de sua produção. Ou então elas não têm conhecimento do seu custo operacional e o impacto que ele causa nas finanças.
A área de vendas é outra preocupação pois também há algumas perguntas sem respostas. Por exemplo: como analisar as tendências de vendas de cada produto ao longo dos últimos 12 meses? Ou então, qual é a margem de contribuição de cada produto no para o resultado da empresa?
O que é possível fazer quando não consegue respostas para essas perguntas? A tecnologia da informação pode ajudar os empresários a encontrar algumas saídas para seus dilemas, desde que ela seja usada com inteligência. A tecnologia não faz milagres. Enquanto as perguntas não forem formuladas de maneira adequada, as respostas não serão satisfatórias. Para que isso aconteça, é necessário estudar e analisar o ambiente de negócios de cada empresa como se fosse único. Isso exige inteligência, investimentos e profissionais capazes de: identificar as questões mais relevantes, que informações são necessárias para respondê-las e onde e como buscar essas informações.
Conhecendo essas informações, os empresários poderão interpretá-las e compreender a dinâmica das operações e processos, entendendo assim o que acontece com o seu negócio. Então, eles terão a capacidade para criar visões que os ajudarão a tomar as decisões que, segundo sua opinião, posicionarão adequadamente a empresa no mercado para enfrentar as dificuldades.
Entretanto, devemos nos conscientizar de que a tecnologia é apenas um instrumento cuja função é fornecer informações; nada mais. As responsabilidades de interpretar, produzir conhecimento e tomar decisões pertencem ao homem, pois apenas ele possui inteligência para agir assim. Sistemas e computadores não pensam, não possuem bom senso ou sensibilidade para fazer avaliações, sejam objetivas ou subjetivas. Isso será sempre uma prerrogativa humana. Graças a Deus!

9/16/2005

A inteligência e o mundo dos negócios

A inteligência é o mais importante dos atributos do homem. Ela nos diferencia dos outros animais e nos permite aprender, pensar e escolher. A palavra inteligência vem do latim intellegere (inter-, "entre", e legere, "escolher" ou "ler"). Também é interessante observar a estreita relação que existe entre inteligência e lógica (do latim logicus, que assim como o termo latino legere, vem do termo grego logos, que significa "palavra", ou ainda "pensamento"). É a inteligência que ajuda o homem a ler as entrelinhas da vida, entender a si mesmo e o mundo ao seu redor. Graças a ela, nós somos capazes de identificar oportunidades, tomar decisões e agir. E ação é vida, movimento e semente da vitória. Concluindo: Inteligência é poder.

Não é à toa que a inteligência sempre teve um papel estratégico na guerra. Afinal, conhecer antecipadamente os planos, as forças e fraquezas do inimigo, pode assegurar a vitória. Nesse aspecto, Sun Tzu, o general-filósofo chinês que viveu há 2500 anos, foi um grande mestre. Em seu livro A arte da guerra, ele ensina que a informação e a inteligência são fundamentais para se obter o sucesso na guerra: “Se conhecemos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas.” Sun Tzu é apontado por muitos como o maior gênio da inteligência e da estratégia militar.

Com o tempo, observou-se que a inteligência e a estratégia também poderiam ser muito úteis no mundo dos negócios. Porém, foi nos anos 90 que surgiu o conceito de Business Intelligence - inteligência empresarial. Naquela época, o mundo testemunhou o fim da guerra fria entre a União Soviética e os Estados Unidos, as inovações tecnológicas, o grande salto das telecomunicações e a expansão do comércio internacional. A concorrência comercial alcançou todos os continentes e o domínio da informação tornou-se essencial para dar sustentação aos negócios. Neste contexto, a inteligência empresarial surgiu como um conjunto de instrumentos de gestão que engloba recursos de tecnologia da informação, metodologias para coleta e análise de dados e indicadores de desempenho para medir resultados. Sun Tzu foi redescoberto e seu livro tornou-se um sucesso de vendas.

Contudo, existem duas dificuldades preocupantes: o crescente volume de informações e a velocidade com que elas perdem seu valor. Ora, é humanamente impossível coletar todos esses dados, processá-los, analisá-los e tomar decisões sem o uso da tecnologia da informação. Por isso, todas as empresas modernas têm sistemas de informação, bancos de dados e computadores. Porém, como usar esses recursos para ler as entrelinhas do mercado, estabelecer visões de negócios, identificar oportunidades, antever ameaças e agir na hora certa? É aí que entra a inteligência!

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  • A estudante Shirlei Grasielli Machado, da Universidade do Vale do Itajaí, na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, está usando este atigo no seu TCC (Trabalho de conclusão de curso) no curso de Bacharel em Ciências da Computação.

8/29/2005

O encontro

Tarde nublada. O frio insinuante, a fumaça negra dos carros, a multidão apressada; cenário agitado que confunde os sentidos e às vezes rouba o pouco de paciência que o Zeferino ainda conseguia manter. De repente, alguém o segura pelo braço: “Moço! Dá um dinheiro pro café?”. O “não” já estava na ponta da língua, mas ao olhar para o sujeito, Zeferino perde a fala. Ele conhecia aquela cicatriz na testa. Aquele mendigo só podia ser o Jota. Quem diria?
- É você Jota?
O homem assustou-se. Tentou fugir, mas Zeferino o segurou.
- Essa cicatriz? Jota, só pode ser você! O que houve contigo?
- Coisas a vida! Pode me dar algum dinheiro?
Zeferino entrou em transe. O passado invadiu o presente revivendo fatos já soterrados pelo tempo. Ele voltou no tempo.
O clima estava tenso. O Jota entrou no CPD e gritou para o Zeferino: “Você está demitido.” Todos ficaram surpresos, pois, afinal, o pobre rapaz não tinha culpa de nada. O verdadeiro culpado era o Renan, sobrinho da Arlete, diretora e mulher do Otávio, o dono da empresa. Ele tinha danificado o sistema de banco de dados causando um grande prejuízo. O Zeferino foi o bode expiatório. Ele tentou dizer algumas palavras em sua defesa, mas o Jota não deu chance.
Quando entrou na empresa, o Jota era outro. Profissional dedicado, marido fiel, companheiro. Porém, a Arlete percebeu sua ambição. Insinuou-se. Seduziu-o por prazer e conveniência. Jota cedeu. Tornou-se amante da Arlete. Ele foi prático, queria garantir o seu futuro. Em pouco tempo, o Jota tornou-se o diretor da empresa. A Arlete deu-lhe poder, mordomias, prestígio, alimentou seu ego e sua vaidade. “Eu faço minhas escolhas e traço meu destino”. Mal sabia ele que o destino é volúvel como o vento; muda de direção conforme seus caprichos. O poder não corrompe as pessoas. Na verdade, ele revela o que elas têm em seus corações. Com Jota não foi diferente.
O tempo correu. E um dia, inesperadamente, um escândalo: a empresa vai à falência. Arlete e Otávio fogem. Houve fraude, a polícia recolhe documentos, lacra a prédio. O Jota, coitado, acusado de gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro, vai preso. Dominado pela vaidade, deixou-se enganar pela Arlete, foi envolvido em uma trama ordinária. O sonho transformou-se em pesadelo.
E Ali estava ele, mendigando na rua, magro, maltrapilho, faminto; tão diferente do executivo inflexível, às vezes cruel, que tinha demitido o Zeferino tão injustamente. O mundo dá muitas voltas.
O farol abriu e as pessoas queriam passar. Zeferino puxou-o para o canto.
- Quando você saiu da prisão?
- Há três anos!
- Esse tempo todo você ficou por aí? E a sua família?
- Não quero falar sobre isso. Você pode me dar uns trocados?
Bem que o Zeferino insistiu, mas ele não falou nada. Por fim, Zeferino pegou a carteira e tirou uma nota de cem reais. Olhos arregalados, Jota pegou o dinheiro com as mãos trêmulas. Em seguida, olhou para o Zeferino, tentou dizer alguma coisa, mas não conseguiu. Então, ele virou-se e foi andando. Sabe-se lá o que se passava em sua mente. Então, depois de dar alguns passos, ele parou de repente, virou-se para o Zeferino, ergueu a mão e acenou agradecendo. Talvez estivesse se despedindo. Depois ele sumiu entre os carros. Zeferino nunca mais teve notícias do Jota.

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Jornal A Cidade de Ribeirão Preto: Agosto/2005

8/11/2005

A segunda chance

Lia era uma mulher notável: loura, alta, bonita e inteligente. Não era rica, mas também nunca teve problemas com dinheiro. O pai, ao falecer, deixou-lhe uma boa herança e, além disso, ela tinha um ótimo salário pois era uma analista de sistemas muito competente e experiente que havia trabalhado em grandes empresas, inclusive fora do Brasil. Porém, Lia tinha um grave problema: ela era viciada em trabalho.
Desde o início de sua vida profissional, Lia sabia que, sendo mulher e trabalhando em uma área dominada pelos homens, teria que mostrar muita competência para ganhar respeito e credibilidade. Assim, lutava muito, buscava a superação da discriminação e a sua auto-afirmação no mundo machista da informática. Viajava muito, passava muitos dias longe de casa, convivia com estranhos, dormia mal. Era assediada mas sempre soube como colocar os abusados em seu devido lugar. Quando estava em casa, o celular não parava de tocar. Quantas vezes, o “stress” e o mau humor destruíram relacionamentos profissionais e pessoais? Lia havia perdido a conta. Otávio, seu marido, fez o possível para suportar aquela vida cheia de altos e baixos emocionais, porém, um dia não agüentou mais e foi embora.
Lia entrou em depressão. A choque da separação trouxe à tona toda a fragilidade oculta daquela mulher de ferro acostumada a tomar decisões, demitir pessoas sem piedade e comandar grandes projetos. Ela entrou em queda livre. Parecia que nunca ia parar de despencar das alturas de seu delírio. Ela não percebeu que suas escolhas pouco a pouco foram destruindo suas amizades, seu casamento, a ela mesma. “A ficha caiu” e Lia estava só.
Resolveu afastar-se do trabalho. Saiu de férias. As primeiras em anos de trabalho. Viajou para o litoral. Ela queria lavar sua alma nas águas do mar. Um dia, ao caminhar pela praia, reparou nas imagens que as ondas pintavam na areia e nas rochas. Lia então lembrou-se de sua juventude, de seus sonhos, das pinturas que fazia na escola de artes. Recordou-se que abandonou os pincéis e as telas quando se formou em ciência da computação. As luzes e o “glamour” do mundo “high tech” a enfeitiçaram.
Sentiu vontade de pintar novamente. Entregou-se à sua antiga paixão pela arte e pintou, e pintou, e pintou. Quanto mais pintava mais sentia o equilíbrio e a serenidade que o belo despertava em sua alma. O exercício da arte estava banindo a ansiedade e a angústia que embriagavam seu coração.
Ao retornar à empresa, teve certeza de que aquele mundo não lhe servia mais. Ela desejava dar outro sentido à sua vida. Estava decidida a dizer adeus ao frenético mundo dos bites e bytes, às viagens intermináveis, à solidão dos hotéis, aos seminários insossos e toda aquela falsa sensação de auto-suficiência e onipotência. “Quero voltar a viver!”
Uma semana após ter voltado das férias, Lia surpreendeu a todos pedindo demissão. “Como?” “Por que abandonar uma empresa de software que todo profissional almeja trabalhar?” “É uma louca varrida!” Os comentários se multiplicavam. Lia não ligava. Pela primeira vez ela estava fazendo algo que realmente queria fazer. Pouco lhe importava o que os outros pensassem a seu respeito. Estava de malas prontas para viver na praia e dedicar-se inteiramente à pintura. Seria feliz. Reencontraria o amor. Teria amigos novamente. Afinal, Lia não podia desperdiçar a sua segunda chance. Não era mais uma menina, era mulher.

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8/05/2005

Momento de decisão

Bia estava ansiosa e confusa. Partir para um mundo desconhecido ou abandonar seus sonhos? Sua vida nunca foi fácil; nasceu pobre, morava na favela, passou fome. No entanto, a pobreza material nunca foi motivo para ela aceitar passivamente a pobreza de espírito e a ignorância. Aprendeu a ler aos cinco anos com a ajuda da mãe e do irmão que lhe emprestava gibis e ensinou-lhe a cantar cantigas infantis. Quando Bia entrou para a escola, todos se espantaram com sua inteligência. Aprendia tudo facilmente e aos 12 anos já dominava o computador.
O que mais impressionava as pessoas da comunidade era o seu gosto pelo samba. Dançava com o charme e a graça das grandes passistas; tornou-se uma celebridade na escola de samba do bairro. A afinidade de Bia com os valores e os costumes da comunidade era admirável. Por isso todos a amavam. Inteligente, linda e gentil. Sua genialidade na informática e no samba encantava os intelectuais do asfalto e o povo da favela.
Quando ela completou 15 anos, uma Ong internacional criou um núcleo de inclusão digital e profissional na comunidade e contratou a Bia para trabalhar como monitora de informática. O salário não era lá essas coisas, mas o dinheiro veio em boa hora e a felicidade de Bia não tinha preço. Agora, aos 18 anos, Bia havia se tornado referência em software livre e participava ativamente de movimentos de inclusão social e digital nas comunidades pobres da cidade. Entretanto, ela sonhava: “Um dia vou me formar. A minha vida vai melhorar!” Queria se formar em ciência da computação, ser professora e escrever livros. Porém, quando ela acordava, as dificuldades da vida e a falta de dinheiro golpeavam duramente suas esperanças. Contudo, pior do que a pobreza era a falta de perspectiva de uma vida melhor. Nessa época, ela viu muitos amigos serem seduzidos pelo crime e pelas drogas. “Coitados! Morreram tão jovens”. Ela nunca entendeu por que um país tão rico como o nosso oferece tão pouco aos jovens.
Agora ela estava ali, diante do espelho, procurando dentro de si a coragem para ir ao encontro dos seus sonhos. Ela nunca imaginou que ganharia uma bolsa de estudos da Ong para estudar na França. Bia não sabia se chorava de tristeza ou de alegria. Ela se sentia com um balão cheio de energia para voar, mas com fortes amarras presas ao chão. Ela teria que deixar a família, a comunidade e o seu mundo para enfrentar o desconhecido. Isso tudo a amedrontava. Porém, essa era a chance de sua vida. Não desistiria agora. Então, ela enxugou as lágrimas, vestiu-se, fechou a mala e pegou seus documentos. Sua mãe chorava; ela afagou-a carinhosamente e deu-lhe um beijo.
Ao sair do barraco, Bia viu os seus amigos e vizinhos sambando alegremente e cantando: “Ai, ai, ai, ai. Tá chegando a hora...”. Enquanto beijava e abraçava a todos um por um, dizia docemente: “Vou atrás de meus sonhos na França, mas voltarei para dividir com vocês tudo o que eu aprender lá fora”. Ela sabia que havia alguma razão para que aquilo tudo estivesse acontecendo com ela.
Neste momento, Dona Neuza, a diretora da Ong, desabafou: “É lamentável ver os nossos talentos irem embora do país enquanto assistimos a esses escândalos de corrupção. Imaginem o que todo esse dinheiro das malas, cuecas e mensalões poderiam fazer pela educação desse povo?”. Em seguida, Bia deu uma última olhada para a favela; levantou seus olhos para o céu, fez uma prece e partiu em busca de seus sonhos.

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  • Jornal A Cidade de Ribeirão Preto/SP em 04/08/2005

7/28/2005

Virando a mesa

Val estava tensa. Afinal, após a morte do seu marido, ela foi forçada a transformar-se em empresária do dia para a noite. Ele confiou demais no Costa, o diretor financeiro da empresa; por isso deixou que ele cuidasse das finanças da empresa. Ele também não achava importante investir em informática para controlar a gestão dos negócios da empresa.
Val nunca gostou do Costa. Para ela, um sujeito adulador e incapaz de olhar as pessoas diretamente nos olhos não poderia prestar. Poucos dias antes de morrer vitimado por um enfarte, seu marido falou-lhe que havia descoberto desfalques na empresa. A situação era grave. Ele disse-lhe que o Costa estava por trás de tudo, mas nada podia ser provado.
Apesar de furiosa e arrasada com a morte do marido, Val reuniu forças e descobriu as falcatruas e negociatas do Costa. Ele desviou muito dinheiro da empresa. O bandido contratou “hackers” para sabotar os sistemas de informática, tramou o superfaturamento de compras, corrompeu pessoas e destruiu documentos que poderiam incriminá-lo. Val passou noites em claro. Chorou muito. Voltou a fumar. Não descansaria enquanto não salvasse a empresa. O Costa ia pagar caro por tudo que fez. Faria isso pela memória do seu marido, por seus filhos.
- Val! Como vamos salvar a empresa? Perguntava Carlos, seu cunhado.
- Não se preocupe. Já estou cuidando disso. Já cancelou os contratos de informática?
- Sim!
- E o novo sistema de gestão? Precisamos de uma solução segura e confiável!
- Já estou procurando! Respondeu Carlos.
- Dona Val! O senhor Miro chegou! Avisou a secretária pelo interfone.
- Dona Arlete, diga ao senhor Costa para vir à minha sala. Ah, mande o senhor Miro entrar em dez minutos!
- Quem é esse Miro, Val? Perguntou Carlos.
- Você logo saberá!
- Com licença? Perguntou Costa abrindo a porta e esgueirando-se para dentro da sala de Val.
- Sente-se Costa!
- Tudo bem Val? Perguntou ele ironicamente.
- Costa. Aqui está sua carta de demissão e o valor que você deverá transferir para a conta da empresa. Agora!!! Disse Val secamente.
- Carta de demissão? Transferência? Você deve estar delirando!
- Não estou delirando. Isso é sério!
O Costa já estava se levantando para ir embora quando entrou um homem de seus 50 anos. Era o Miro. Eles se entreolharam e o Costa desabou na cadeira como se estivesse vendo um fantasma.
- Está nervoso Costa? Perguntou Val retribuindo a ironia.
- Bem “seu” Miro, pode mostrar os papéis para o seu velho “amigo”!
- Costa! Há quanto tempo hem?? Você ainda se lembra dos nossos antigos negócios??
- Pensei que você estivesse morto! Disse Costa com a voz trêmula.
- Como você pode ver, eu acabo de voltar do mundo dos mortos!
- Vamos lá Costa. Já viu os documentos? Assine logo a sua demissão e entre no site do banco para transferir o dinheiro que você nos roubou. Faça isso e você poderá reaver os documentos. O Miro ficará quieto!
O Costa estava pálido e desconcertado. Aqueles documentos e fotografias destruiriam completamente a sua reputação e o colocariam na prisão. Então, ele assinou a carta de demissão e fez a transferência do dinheiro. Em seguida, pegou o pacote com os documentos e saiu. Val lembrou-se de seu marido, suspirou e libertou algumas lágrimas. “Descanse em paz meu amor!”

7/15/2005

A indenização das cuecas!

Consultoria de sistemas é condenada a pagar indenização pelo fracasso do projeto de implementação de software em um grande cliente. Os prazos não foram cumpridos, o número de horas de consultoria foi fraudado e também foi comprovado o pagamento de mensalão para o porteiro. O fornecedor do sistema, cujo nome não foi revelado, foi condenado a pagar uma indezinação de 10 milhões de cuecas (Nova unidade monetária criada no Brasil). Na foto acima, vemos o momento exato do pagamento da indenização.

7/14/2005

Mudanças: ceder ou resistir?


Aceitar o que não podemos mudar não é apenas uma questão de inteligência e bom senso. É sobrevivência.


As pessoas adoram novidades. Porém, ao mesmo tempo, elas têm mêdo de tudo o que é novo. Poucos aceitam mudar alguma coisa sem espernear. Na verdade, as mudanças que acompanham as inovações nos obrigam a sair de nossa zona de conforto. Por isso, abandonar velhos hábitos e idéias enraizadas pelo tempo é doloroso para todos nós. Contudo, isso faz parte na natureza humana.
O fenômeno Internet, por exemplo, ao facilitar o acesso à informação, derrubou definitivamente as fronteiras ideológicas, geográficas e culturais no mundo. É notório: vivemos em uma “aldeia global”. O Haiti é aqui. O “tsunami” atingiu a todos nós. Desta forma, “a grande rede” estende suas teias sem-fim e abre espaço para profundas mudanças no comportamento e no pensamento humano. O conflito entre a estabilidade do mundo conhecido e a insegurança do novo é inevitável.
Nesta nova sociedade da informação em que tentamos nos adaptar, os e-mails, cartões magnéticos e “home banking”, viraram de ponta-cabeça as relações de trabalho, o comércio e a sociedade. Um de seus efeitos colaterais mais preocupante é a exclusão tecnológica. Ela submete as camadas menos favorecidas da população à dura realidade do isolamento econômico e social. Quem não tem acesso à tecnologia está sendo colocado pouco a pouco à margem do desenvolvimento. Isso atinge pessoas, países e continentes. E no mundo moderno, dominar a tecnologia significa sobreviver. Portanto, não é difícil entender que a pobreza de espírito e ausência de um projeto educacional moderno podem liqüidar os sonhos de progresso e crescimento do nosso povo.
“É melhor prevenir do que remediar” é um sábio conselho. Porém, por mais que tentemos, nunca estaremos preparados para lidar com as mudanças provocadas pelas inovações tecnológicas. Talvez seja melhor aprender a administrá-las e ser mais flexível do que se opor. Penso até que deveríamos aprender a aprender. Quando a mudança bate à nossa porta não adianta resistir. Afinal de contas, aceitar o que não podemos mudar é sinal de inteligência, bom senso e, muitas vezes, pura questão de sobrevivência.
Estamos no século da informação, mas ironicamente, existe muita carência de conhecimento por aí. Alguns gurus de plantão falam que há um novo “round” do processo de seleção natural em marcha. Eles também dizem que não será o mais forte que sobreviverá, mas sim aquele que for capaz de adaptar-se rapidamente aos novos tempos. Isso eu não tenho certeza, porém, uma coisa eu sei: quem não souber lidar com a tecnologia da informação e não aprender a produzir conhecimento terá muitas dificuldades para sobreviver em qualquer atividade econômica.


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7/13/2005

Cueca: a nova unidade monetária da TI



A AAPTi (Associação dos Aspones Profissionais da Ti decidiram em seu congresso anual, realizado em Brasília, adotar uma nova moeda para quantificar os projetos de Ti: A Cueca, representada pelo símbolo Cu$. Veja ao lado, o design da nova unidade monetária que está valorizadíssima: cada cueca vale U$ 100 mil Dólores. É mole!!!!!!

7/05/2005

A democracia e o mercado de software




Quem nunca se apaixonou? E quem não se decepcionou ao descobrir que o ser amado tem defeitos? Porém, quando as qualidades são maiores do que os defeitos, nós aprendemos a conviver com eles e nos entregamos ao amor; sem medo de ser feliz; não é assim? Do mesmo modo, a democracia também tem seus altos e baixos. Agora mesmo, estamos sentindo os solavancos provocados pelo “mensalão” e várias CPIs. Todavia, tomamos conhecimento desses fatos porque vivemos em uma sociedade democrática e a imprensa é livre. No fim, com a apuração dos fatos e a punição dos responsáveis, as instituições serão fortalecidas. Isto é democracia!
Porém, mudando de política para software, constatamos que o mercado brasileiro de tecnologia da informação precisa abraçar a causa democrática. As empresas precisam ter liberdade para escolher o que é melhor para elas. É preciso estimular a diversidade tecnológica e a concorrência porque o monopólio, seja ele qual for, só é bom para quem o detém.
As empresas precisam de bons sistemas com preços que caibam nos seus orçamentos, portanto, dentro dessa perspectiva, o fenômeno do software livre é bastante oportuno. Ele está oferecendo alternativas para os consumidores, abrindo espaço para inovações, contribuindo para a redução de custos das empresas, gerando novas oportunidades de negócio, empregos e estimulando a indústria nacional de software.
Portanto, o software livre é amigo da democracia. Ele gera concorrência, pluralidade de soluções e liberdade de escolha. Esses valores contribuem para o amadurecimento do mercado e estimulam a competitividade entre desenvolvedores de software de código-aberto e comercial. Quem oferecer boas soluções com preço justo conquistará o consumidor. O mercado deve encarar isso com naturalidade.
Uma boa demonstração de que o confronto entre software de código-aberto e software comercial é positivo aconteceu durante a realização do XV CIAB (Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras – www.ciab.com.br), durante o mês de junho, em São Paulo. No decorrer do evento, verificou-se que o debate esquentou e acabou expondo as estratégias de ambos os lados. A Microsoft, por exemplo, investe em novos produtos, mas insiste em sua velha tática de desqualificar os produtos baseados em código-aberto. Porém, desta vez, a empresa de Bill Gates trouxe uma novidade: Ela está defendendo a idéia de que as empresas de código-aberto devem cobrar as licenças de uso para os seus produtos.
Em contrapartida, os fornecedores de soluções de código-aberto como Ibm, Oracle e Cobra, mostraram que seus produtos estão atingindo a maturidade tecnológica, conquistando a confiança do mercado e ganhando terreno, principalmente no setor bancário.
Fazer mais com menos. A tecnologia da informação não conseguirá escapar dessa imposição de mercado. Só os cegos não percebem. Viva a democracia! Viva a concorrência! Abaixo o monopólio!

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6/29/2005

Abrindo a cabeça....



Hoje, pela manhã, abri o jornal A Cidade de Ribeirão Preto e me deparo com um pequeno artigo: "Brasileiro gasta 18,4 hrs. com TV e 5,2 com livro." Outros números sobre o consumo de mídia no Brasil: O rádio apresenta uma média de 17,2 hrs e a grande rede, 10,5 hrs. Esses dados, segundo o artigo, fazem parte de uma ampla pesquisa realizada pela empresa de pesquisa americana, Nop World.
O que chama a atenção é que, em nosso país, as mídias que exigem menor grau de reflexão como a TV, o rádio e a internet são as que mais atraem o público. Enquanto isso, a leitura, que exige mais esforço, ocupa um lugar sem valor no gosto da população. Por que isso acontece????? Alguém tem alguma idéia???

6/28/2005

Debatendo os crimes virtuais


Os crimes na internet já deixaram de ser ficção há muito tempo. Ao contrário, estão se tornando parte do noticiário diário, atingindo todas as camadas da população. Palavras como "hacker", vírus, "cyber cimes", entre outras, estão na boca do povo. Entretanto, embora ainda existam dificuldades, a sociedade e as autoridades estão tomando algumas iniciativas para combater estes crimes.
Seria importante que todos tomassem conhecimento das ações em curso e fizessem a sua parte para previnir as situações que criam a oportunidade para a prática de atos criminosos.

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6/27/2005

Frase do dia!

"Quando não sabemos para onde ir, qualquer caminho serve."
(Do livro Alice no país das maravilhas)

O Linux amplia sua presença

O mega provedor UOL acaba de disponibilizar um discador para atender os usuários Linux. O que se observa cada vez mais é que os grandes "players" do mundo da tecnologia da informação reconhecem - ou se rendem? - a força emergente do software livre.

Veja matéria completa em:

6/24/2005

Processos: A alma do negócio



Segundo James Harrington, um processo é um grupo de tarefas inter-relacionadas, que utiliza recursos de uma organização, com o propósito de gerar os resultados necessários para consolidar os seus objetivos de negócio. Portanto, é fácil perceber que a prática da gestão de processos é vantajosa e deve receber tratamento estratégico por parte das empresas.
Ora, uma empresa é construída sobre processos do negócio, da mesma forma que um edifício é erguido sobre suas fundações. Quando estas são frágeis, o desabamento do edifício é certo. Assim, quando os processos estão bem estruturados, a empresa consegue bons resultados. Quando os processos são confusos e as pessoas não sabem o que fazer, a empresa corre perigo.
A partir dos anos 80, a evolução tecnológica produziu um grande salto de progresso no mundo. As distâncias desapareceram e os continentes foram integrados em um imenso mercado global. Concomitantemente, surgiu a percepção de que as empresas, a exemplo dos organismos vivos, estão sujeitas às incertezas e mudanças provocadas pelo meio-ambiente onde atuam. Isso significa que, acontecimentos de natureza econômica ou política podem afetar o mundo inteiro em poucas horas.
Nesse cenário de instabilidade, a concorrência, a necessidade de inovações, a ditadura do consumo e a urgência para reduzir custos estão impondo uma dinâmica frenética na vida das empresas. Inevitavelmente, para se manterem vivas no mercado, elas precisam ajustar os seus processos de negócios freqüentemente.
A gestão de processos é a ferramenta certa para auxiliar as empresas a enfrentar esse desafio. Dentro dessa perspectiva, a tecnologia da informação é uma aliada poderosa, contudo, ela não deve ser considerada como a salvadora da pátria. Ao contrário, os sistemas de informação devem ser vistos como atores coadjuvantes na gestão empresarial. A sua implementação e funcionamento devem seguir a orientação determinada pelos processos de negócios.
Muitos erros são cometidos na implantação de sistemas corporativos. Um certo número deles acontece porque os processos de negócio são desconsiderados no planejamento da implementação. Isso ocorre porque as empresas decidem acelerar o projeto e, ao mesmo tempo, economizar recursos cortando serviços de consultoria em análise de processos. Algumas vezes, estas decisões acabam comprometendo irremediavelmente o resultado do projeto. Os prejuízos, muitas vezes, são incalculáveis. Por isso, concluímos que, implementar sistemas de informação em uma empresa sem analisar os seus processos de negócio é uma temeridade. Embarcar em uma aventura como essa só pode ser comparada com a tolice de construir uma casa a partir do seu telhado.

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6/14/2005

O Linux chega ao varejo

Recentemente a Microsoft lançou um novo produto. Na verdade, uma versão simplificada do seu sistema operacional Windows XP: o Microsoft® Windows® XP Starter Edition que, segundo a empresa de Bill Gates, "oferece a melhor experiência aos usuários principiantes de computadores e a um custo mais acessível."

Esse lançamento não representa uma boa ação da gigante de software. O que a Microsoft quer e precisa é reduzir seus prejuízos com a pirataria e tentar, de algum jeito, enfrentar a escalada do Software Livre. Em minha opinião, essa é uma tentativa que está condenada ao fracasso. Direi o porquê! Primeiramente, sugiro que você conheça esta versão anã do windows e a compare com a versão completa. Há limitações.... Em segundo lugar faço um convite: Vá passear no shopping e, assim como quem não quer nada, dê um giro pelas grandes redes varejistas e veja que algumas já estão vendendo computadores com o Linux desktop instalado. Você ainda poderá escolher entre microcomputadores com processadores Intel ou AMD. O preço é razoável e atrativo. E o mais interessante: o Linux é um produto completo e legalizado.

Penso que estamos assistindo ao início de grandes mudanças no modelo de comercialização de software. Até onde a Microsoft chegará com o Windows Starter Edition?

6/03/2005

O novo evangelho de Bill Gates

O fundador da Microsoft está produzindo um novo livro sobre o futuro da tecnologia.


Bill Gates está olhando novamente em sua bola de cristal. Ele está escrevendo um novo livro sobre o futuro da tecnologia e o impacto que as inovações tecnológicas provocarão na saúde e na educação mundiais. É importante examinar atenciosamente as idéias de Gates. Elas são indícios do posicionamento da Microsoft no mercado. Ao que parece, esse novo livro é a ferramenta de marketing que Bill Gates usará para relacionar o seu pensamento visionário, as ações filantrópicas da Fundação Bill & Melinda Gates, e novas oportunidades de negócios para a Microsoft
Em seu primeiro livro, “Uma estrada para o futuro” (The Road Ahead), lançado em 1995, Bill Gates fez inúmeras previsões sobre inovações tecnológicas que acabaram se tornando realidade. Foi o caso da gravação de música em formato digital. No entanto, outras previsões não vingaram, entre elas a carteira conectada a uma rede sem fio para sacar dinheiro virtual em caixas eletrônicos. Esse livro, segundo a própria Microsoft, foi um campeão de vendas e atingiu a marca de 2,5 milhões de exemplares vendidos até agora.
Todavia, em seu segundo livro, Gates queria evangelizar as camadas mais influentes e formadoras de opinião no mundo dos negócios. Assim surgiu “A empresa na velocidade do pensamento” (Business @ the speed of thought), que não é um livro técnico, mas sim ideológico; ele exorta as lideranças empresariais a perceber a tecnologia da informação como uma poderosa ferramenta de gestão para os negócios.
Neste novo evangelho “Microsoftiano”, Gates deseja mostrar como a tecnologia poderá contribuir para solucionar problemas ligados à saúde e educação mundiais, que, coincidentemente, são o foco do trabalho filantrópico da Fundação Bill & Melinda Gates. Curioso, não?
Outra curiosidade: em janeiro deste ano, Bill Gates esteve presente no Fórum Econômico Mundial que foi realizado em Davos, Suíça. Ele falou de educação, de saúde, anunciou doações de 100 milhões de US$ para pesquisas médicas, conclamou os grandes empresários a fazer doações, e pressionou o governo Americano para aumentar as verbas destinadas a pesquisas em saúde.
Além disso, Gates tentou resolver alguns problemas. Ele fez várias tentativas para se encontrar com o Presidente Lula, mas não conseguiu. Sua intenção era reverter os planos do governo brasileiro de usar o Linux em suas repartições e oferecer o apoio da Microsoft aos programas de inclusão digital.
Contudo, o marketing de Bill Gates é muito competente. Ele sabe ocupar espaços no mercado. Em seu novo livro, ele prosseguirá em sua cruzada para vender a idéia de um mundo “Microsoftizado”, tentará desqualificar as soluções de código aberto, fará novas previsões – algumas até mirabolantes – e quem sabe apontará novos caminhos para a Microsoft. O interesse de Gates em saúde e educação pode ser uma boa pista.



Orlando Ribeiro (Lan Ribeiro)
Consultor de negócios, Articulista e Redator de conteúdo
contato@orlandoribeiro.trd.br

5/25/2005

IBM investe em soluções de código aberto

Mais um movimento do mercado na direção das soluções de código aberto.Há poucas semanas atrás, o mercado de TI assistiu a um novo movimento estratégico de um de seus peso-pesados. A IBM comprou a primeira empresa de código aberto, por um valor não revelado. Trata-se da Gluecode, uma empresa que desenvolve software e fornece serviços de suporte baseados na tecnologia do servidor de aplicações Gerônimo da Apache. O objetivo da IBM é oferecer essa tecnologia como uma alternativa de baixo custo para seus produtos da plataforma Websphere.

O negócio, segundo afirmaram diversos analistas, reforça o compromisso da IBM com tecnologia de código aberto. Ele também demonstra a crença da “Big Blue” de que o Apache Gerônimo, um servidor padrão J2EE, é o servidor de aplicações do futuro.

De acordo com a opinião de observadores, a estratégia da IBM é oferecer os produtos da Gluecode para as pequenas e médias empresas, que são carentes de boas soluções com garantia de suporte, mas que não possuem muitos recursos para investir. Os usuários e parceiros de negócios da IBM poderão fazer o “download” do software do servidor de aplicações Gluecode, desenvolver aplicações e fazer implementações gratuitamente. Depois, eles poderão comprar o suporte de software da IBM quando for necessário. Com o tempo, a IBM espera que os usuários evoluam e tenham necessidade de soluções mais avançadas, o que os motivará a mudar para os produtos Websphere. Portanto, ao que parece, a IBM também está investindo na formação de um público consumidor para os produtos Websphere no futuro.

A aquisição da Gluecode pela IBM, para alguns consultores, é a mais significativa desde que ela comprou a Lótus em 1995. É uma iniciativa ousada por que ela está fora de seus padrões tradicionais. Já imaginaram a IBM dando continuidade ao modelo da Gluecode, usando o trabalho voluntário de milhares de desenvolvedores para entregar ao mercado um produto testado, com alto valor agregado e de baixo custo?

Outro detalhe que faz parte do negócio: a IBM se tornará um colaborador ativo do projeto de código aberto do Apache Gerônimo e ampliará a atual comunidade de desenvolvedores que trabalham no projeto. Não resta dúvida de que a “Big Blue” está aumentado o valor das apostas na tecnologia de código aberto e ela tem cacife para isso. Contudo, existem outras empresas se movimentando e com certeza assistiremos a novos lances no mercado. Mudanças à vista: qual será o próximo lance?

Leia mais em:

Reuters:
Zdnet:
Orlando Ribeiro é Consultor, articulista e redator de conteúdo

5/13/2005

O Ajuste de contas

Naquela tarde houve um grande rebuliço na empresa. Todos ouviram os urros do Dr. Arsênico. Zeferino, o encarregado da informática, coitado, corria igual barata tonta de um lado para o outro.

- Zeferino! Berrou o Dr. Arsênico, esse relatório de vendas sai ou não sai?

- Bem, “Seu” Arsênico. Nós estamos com um “probleminha” no sistema. Respondeu o Zeferino.

Neste momento, num ímpeto de fúria, o Dr. Arsênico desferiu um violento soco na mesa. O escritório tremeu e todos emudeceram.

- Não é possííííííííííível!!! Outra vez!!! Esbravejou o homem, espumando pelos cantos da boca.

- Calma “seu” Arsênico! Sugeriu Adelaide, a secretária!

- Eu não agüento mais tanta incompetência!

Neste momento, enquanto o chefe, aos gritos, ameaçava a todos, Zeferino relembrava suas decepções naquela empresa. Ele não suportava mais tanta arrogância e estupidez. Seu rosto avermelhava-se mais ao ouvir os gritos do patrão. Ele remoia a dor da ingratidão e da raiva que o consumiam há algum tempo. Quem não agüentava mais era ele. Ganhava pouco; mal tinha tempo para almoçar; era o primeiro a chegar e o último a sair; não recebia sequer um muito obrigado. “Vestia a camisa da empresa” e “não deixava a peteca cair”. Nada funcionava direito; os computadores não prestavam e o software era pirata. O “homem” dizia que não tinha dinheiro para investir em informática, porém desfilava de “Audi” pra cima e pra baixo.

- Dr. Arsênico! Disse o Zeferino nervosamente. O sr. não receberá o relatório. O sistema “deu pau”; o programador mandou um e-mail informando que só resolverá o problema quando você pagar o que lhe deve. Portanto, não encha o meu saco. Quero que você e esta droga de empresa se danem!!! Desabafou o funcionário.

- Zeferino. Seu atrevido!!! Gritou o diretor.

- O que significa isso? Você enlouqueceu? Eu posso te demitir por isso?

Zeferino olhou-o fixamente por alguns instantes; não disse uma só palavra e saiu.
Naquela hora o corredor fervilhava. Alguns estavam surpresos com a audácia do Zeferino. Outros diziam que ele havia pirado finalmente.

De repente, houve um corre-corre danado. O Zeferino surgiu com um machado nas mãos, entrou na sala do chefe e, num acesso de fúria, destruiu o “notebook” do patrão com um golpe certeiro. O diretor, apavorado, recuou até a parede. Provavelmente pensou que o Zeferino ia acabar com ele.

- Louco estava eu quando acreditei na tua conversa fiada e aceitei trabalhar aqui! Gritou o Zeferino.

Logo em seguida, furiosamente, destruiu a mesa a machadadas. O patrão assistiu a tudo com os olhos esbugalhados. Nada fez. Nada disse.

Feito isso, Zeferino olhou ao seu redor; encarou o chefe com um leve sorriso de satisfação e saiu em direção à sua sala. O corredor estava vazio. Ao chegar em sua sala, ele pegou a carteira e a marmita, ainda intacta, e sumiu. Ninguém ousou dizer uma só palavra e muito menos impedi-lo de ir embora.

L@n" Ribeiro (Orlando Ribeiro) é Facilitador de negócios em TI, articulista e palestrante.
Mande seu comentário ou sugestão para lan.ribeiro@gmail.com

2/17/2005

Vendi o meu fogão para a vizinha!


Sempre que uma solução tecnológica deixa de atender as nossas necessidades, nós a trocamos por outra que ofereça melhores resultados.

Vendi o meu fogão na semana passada. Depois que comprei um microondas resolvi mandar o fogão “às favas” definitivamente. Decidi vendê-lo porque ele perdeu sua utilidade. Acabou virando um incômodo. O velho fogão tornou-se um produto tecnologicamente ultrapassado e até ganhou o apelidado de “sucatão”. Afinal ele não atendia mais às minhas necessidades culinárias: rapidez, praticidade e economia.

A propósito, por conta desta ruptura tecnológica, resolvi pesquisar a palavra “tecnologia” e encontrei uma definição que me agradou pela sua simplicidade e objetividade: “Aplicação do conhecimento na execução de qualquer atividade humana.” Entretanto, após alguns minutos de reflexão, duas perguntas perturbadoras dão o ar de sua graça: Se o conceito é tão simples, por que complicamos tanto? Por que somos induzidos a associar tecnologia apenas à produtos “high tech”? Ora bolas, vassouras e panelas assim como computadores e Internet são produtos do conhecimento humano inventados para solucionar problemas. Na verdade, criamos e usamos tecnologia o tempo todo em tudo o que fazemos.

A tecnologia é maravilhosa! Exclamei em seguida. Ela é o sinal de nosso domínio sobre a natureza. Transformamos os elementos e inventamos coisas para melhorar as nossas vidas. Neste sentido, um programador de computador ao desenvolver um novo sistema contábil e uma dona de casa ao fazer um bolo, “fazem” tecnologia ao aplicar seu conhecimento na transformação dos elementos necessários para criar os produtos, ou melhor, as soluções que eles precisam. Não é surpreendente?

Portanto, quem possui conhecimento pode produzir tecnologia. Isso nos leva à uma questão: a aquisição e produção de conhecimento não deveriam ser o nosso verdadeiro foco de trabalho? Esta idéia ganha força se considerarmos a frenética busca por novos produtos e a escalada da obsolescência tecnológica. É só visitar um “ferro velho” para ter uma mostra do lixo tecnológico que é produzido pela nossa sociedade de consumo. Por fim, penso que neste admirável mundo novo, e em nosso Brasil principalmente, a educação é fundamental.

Mas, e o fogão? Bem, eu o vendi para a Edileuza, a minha vizinha do 612. Afinal, ela ainda não tem microondas e seu velho fogão está nas últimas. Assim, o meu velho fogão ainda é uma solução bastante útil para ela.

Onde foi publicado

2/03/2005

Cuidado com o tamanduá

“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. (Raul Seixas)

Em uma floresta tropical haviam diversos formigueiros espalhados. Cada um deles tinha seus limites demarcados por cada comunidade de formigas e, todas elas sem exceção, possuíam um exército para defender seu território contra qualquer tentativa de invasão que fosse promovida por outro formigueiro.

Um certo dia, as formigas vermelhas estavam muito ocupadas em seu trabalho rotineiro quando uma de suas sentinelas avançadas tocou o alarme. Formigas pretas haviam penetrado em seu território e isso significava uma declaração de guerra que deveria ser respondida de imediato. Rapidamente o general das formigas vermelhas deu a ordem para o contra-ataque, e , não demorou muito, a invasão foi rechaçada.

Quase todos os dias havia batalhas na floresta. Com a aproximação do inverno o ritmo do trabalho aumentava, porque as formigas tinham que ir mais longe para obter os alimentos que armazenavam para a época da escassez provocada pelo frio. Nessas circunstâncias era comum que todos os formigueiros invadissem o território umas das outras.

Já às portas do inverno, a floresta era um “fervo” só. Enquanto as formigas operárias se ocupavam em coletar alimentos e as formigas soldados lutavam o dia inteiro para proteger seu território ou invadir o alheio, uma desgraça atingiu a todos de uma maneira fulminante.
Um grande tamanduá, recém chegado no pedaço, atacou todos os formigueiros e dizimou completamente as colônias. As formigas, que estavam tão ocupadas com seus afazeres ou guerreando entre si, simplesmente não perceberam a chegada do inimigo natural e comum a todas elas. Sucumbiram todas!

Esse pequeno “causo” me lembra alguns fatos que acontecem no mercado de tecnologia da informação. Habitualmente, escuto, e às vezes participo, de discussões a respeito de associativismo e parcerias. Sou favorável à idéia. Recentemente, fui convidado para o evento de lançamento do Piso – Pólo Industrial de Software, em Ribeirão Preto. Um sonho visionário mas, também uma grande oportunidade para o crescimento econômico da região.

Também me parece uma tentativa para entender uma série de questões que sempre dividiram as empresas produtoras de software, como por exemplo, a ética. Obstáculos como o individualismo, a vaidade e a desconfiança fincaram raízes profundas neste terreno, de maneira que, ainda levaremos algum tempo para avançar na construção da união de interesses e objetivos. Suponho que aqueles que acreditam neste sonho terão muito trabalho pela frente. Eu admiro quem ousa sonhar. Lembro-me de Raul Seixas, um grande sonhador que dizia: “sonho que se sonha junto é realidade”.

O software é um produto estratégico no mundo contemporâneo. Porém, se a nossa indústria não conquistar um padrão de qualidade internacional será muito difícil sobreviver no futuro. Creio, sinceramente, que a criação de pólos Industriais de software oferece grandes possibilidades. Afinal, a união faz força. Mas é bom ficar atento porque senão, pode aparecer um “tamanduá” no pedaço é aí......... Já era!

"L@n" Ribeiro (Orlando Ribeiro) é Facilitador de negócios em TI, articulista e palestrante.
* Artigo Inédito

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1/27/2005

Software com carteira de identidade

Ontem, li uma notícia na Internet, que se for para valer, poderemos ter um verdadeiro “Tsunami” no mercado de Software. A Microsoft, segundo a “Folha Online”, está lançando uma medida para garantir a autenticidade de seus produtos Windows XP e Windows 2000. De acordo com a matéria, parace que vem por aí um duro golpe contra a pirataria de software.

Batizada de “Windows Genuine Advantage”, a iniciativa preve um mecanismo de validação das licenças dos produtos através de um código impresso no “COA” (certificado de autenticidade). A medida está prevista para entrar em operação lá pelo meio do ano. Também está previsto que a iniciativa, ainda em sua fase de testes, poderá abranger as versões dos produtos em mais de 20 idiomas.

As medidas divulgadas pela empresa de Bill Gates não são nenhuma surpresa. Afinal, com as estimativas das perdas financeiras alcançando números astronômicos é natural que algo seja feito. Entretanto, a Microsoft não está só nesta jornada. Em outubro do ano passado, a Symantec anunciou mudanças na forma de registro do Norton 2005 objetivando reduzir a utilização de cópias ilegais. Com certeza, outras empresas também devem estar planejando novas formas para estancar a sangria de dólares que elas vem sofrendo a anos.

Eu não gosto de fazer previsões. A razão é muito simples. Acontece que existem mais coisas entre hardware e software no mundo da tecnologia do que qualquer consultor ou guru pode imaginar. Contudo, penso que, se houver em 2005 uma evolução do Linux como solução para estações de trabalho (desktops), talvez estas medidas anunciadas pela Microsoft possam acelarar a corrida das pequenas e médias empresas para o Software Livre. Será possível?

"L@n" Ribeiro (Orlando Ribeiro) é Facilitador de negócios em TI, articulista e palestrante.
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1/25/2005

Combate à pirataria de software aumentará em 2005

Se levarmos em consideração as iniciativas realizadas ao longo de 2004, a conclusão será uma só: O combate à pirataria de software se intensificará em 2005.

Segundo a Microsoft, o mercado ilegal de programas gera para a indústria de TI mundial prejuízos de US$ 29 bilhões por ano. No Brasil, estima-se que as perdas cheguem a US$ 520 milhões, conforme um estudo da IDC encomendado pela ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) e BSA (Business Software Alliance) no apagar das luzes de 2004. Isso, sem contar com os prejuízos em arrecadação de impostos e o número de empregos que poderiam ser criados.

Também assistimos em 2004 a um aumento das ações da polícia que culminaram com prisões e apreensões de produtos pirateados. Para citar um exemplo, No dia 27/11/2004, a Polícia Civil da Bahia, por meio da DECECAP (Delegacia de Crimes Econômicos contra a Administração Pública), realizou em Salvador uma operação que resultou na apreensão de COAs (certificados de autenticidade de software, neste caso referentes, especificamente, à modalidade OEM quando, o certificado de autenticidade deve vir junto com o CD original de programas instalados no PC) suspeitos. As investigações estão a cargo da Polícia Civil da Bahia.

Outro fator importante é que o Brasil vem sofrendo uma pressão internacional cada vez maior para tomar medidas mais duras contra a pirataria. Portanto, considerando esses fatos, não é nenhum absurdo prever que o combate à pirataria de software será intensificado neste ano.

L@n Ribeiro (Orlando Ribeiro)
Facilitador de negócios em TI, articulista e palestrante

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1/20/2005

Prevenir é mais barato

Mais uma vez enfrentamos um dilema para o qual não fomos preparados. O desenvolvimento tecnológico, ao massificar a informação através da Internet, produziu, como efeito colateral, a desinformação e a insegurança digital. De fato, valores como privacidade e segurança da informação encontram-se sobe o fogo cerrado das ameaças virtuais. Contudo, não convém condenar a “grande rede” por conta dos efeitos negativos advindos de seu uso ilícito. Afinal, não é justo ignorar os grandes avanços que a “net” tem proporcionado em todas as áreas do conhecimento humano.

Os ataques à privacidade, o roubo de informações e o vandalismo tecnológico, assim como outros “incidentes” digitais viraram “carne de vaca”, isto é, podem ser encontrados em qualquer lugar. Eles estão no micro nosso de cada dia. Escondem-se nas empresas, no cyber café e nos espreitam a cada e-mail recebido. “É um babado louco”. O perigo e a confusão aumentam na medida em que as pessoas desconhecem os riscos que correm no “cyber space”. Muitas empresas, principalmente as pequenas e médias, ainda não estão prontas para lidar com questões tão complexas e sobretudo novas.

Contudo, não é por acaso que alguns empresários e profissionais de TI estão mudando o seu ângulo de visão a respeito de segurança de informação. Eles estão descobrindo que é mais barato prevenir do que remediar. Afinal, eles estão sentindo na própria pele (ou será o bolso?) que os prejuízos causados por ataques de hackers e vírus são, normalmente, mais vultosos do que os investimentos que eles precisam fazer para tornar suas empresas mais seguras.

Certa vez, alguém me disse que a melhor maneira para alguém aprender alguma coisa na vida é observar os erros cometidos pelos outros. Porém, como passamos a maior parte de nosso tempo olhando para o nosso umbigo, deixamos de tirar valiosas lições do fracasso alheio. É uma pena, pois evitaríamos muitos sofrimentos, desperdício de tempo e dinheiro. Sem dúvida, é mais vantajoso olhar o que está acontecendo à nossa volta, “ficar esperto”, pois, se a gente vê a barba do vizinho pegando fogo, dá tempo para colocar a nossa de molho.


* Artigo Inédito

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1/13/2005

O joio, o trigo e a informação

A construção e manutenção de ambientes de informática seguros vêm se tornando uma das principais preocupações de todas as organizações. Desde que a “grande rede” intrometeu-se definitivamente na vida corporativa, os sistemas de informação empresariais passaram a sofrer ameaças nunca antes imaginadas. De fato, descobrimos que a Internet tem um lado sombrio e sinuoso. Muitas vezes ela revela-se uma verdadeira “terra de ninguém”, um palco nebuloso onde o engodo, a mentira e as meias verdades trazem insegurança e prejuízos.

Ano após ano, assistimos ao crescimento da dependência que pessoas e empresas tem da Internet para estudar, vender, comprar, pagar contas e fazer investimentos. Simultaneamente, também constatamos a escalada dos incidentes de segurança e novas formas de fraudes. Por tudo isso, autoridades, empresários e profissionais de informática estão preocupados com a segurança de seus sistemas de informação e a continuidade dos seus negócios.

Vários estudos e estatísticas sobre segurança de sistemas atribuem prejuízos consideráveis aos ataques de “hackers”, “crackers” e gangues cibernéticas. Porém, na prática, estes prejuízos são difíceis de calcular e até mesmo comprovar. O tema além de complexo é delicado e todos têm muita cautela para fazer estimativas. Muitos até preferem o silêncio. Na verdade, embora o terreno das suposições seja fértil para quem gosta de “viajar na maionese”, como diz o ditado, “onde há fumaça há fogo”.

Trocando em miúdos, parece que a segurança da informação é a “bola da vez” no jogo do mercado de tecnologia da Informação. O assunto tem conquistado mais atenção por parte das empresas e do governo e, com certeza, os projetos para segurança de sistemas corporativos receberão mais recursos em 2005.

Por outro lado, existe muito “disse me disse”, mitos e lendas. Existem profissionais competentes que tratam seriamente do assunto, mas infelizmente, também encontramos os pescadores de águas turvas que fazem terrorismo para vender o seu peixe e muitas vezes não sabem o que dizem. É importante aprender a separar o joio do trigo.

Talvez a busca de informação confiável e o debate sejam os primeiros passos para encontrar soluções, porém precisamos ir além das palavras e realizar ações concretas. Naturalmente, soluções eficientes têm seu preço, e debates que não produzem novas idéias e resultados são estéreis como as areias do deserto e não passam de conversa fiada.

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