6/03/2005

O novo evangelho de Bill Gates

O fundador da Microsoft está produzindo um novo livro sobre o futuro da tecnologia.


Bill Gates está olhando novamente em sua bola de cristal. Ele está escrevendo um novo livro sobre o futuro da tecnologia e o impacto que as inovações tecnológicas provocarão na saúde e na educação mundiais. É importante examinar atenciosamente as idéias de Gates. Elas são indícios do posicionamento da Microsoft no mercado. Ao que parece, esse novo livro é a ferramenta de marketing que Bill Gates usará para relacionar o seu pensamento visionário, as ações filantrópicas da Fundação Bill & Melinda Gates, e novas oportunidades de negócios para a Microsoft
Em seu primeiro livro, “Uma estrada para o futuro” (The Road Ahead), lançado em 1995, Bill Gates fez inúmeras previsões sobre inovações tecnológicas que acabaram se tornando realidade. Foi o caso da gravação de música em formato digital. No entanto, outras previsões não vingaram, entre elas a carteira conectada a uma rede sem fio para sacar dinheiro virtual em caixas eletrônicos. Esse livro, segundo a própria Microsoft, foi um campeão de vendas e atingiu a marca de 2,5 milhões de exemplares vendidos até agora.
Todavia, em seu segundo livro, Gates queria evangelizar as camadas mais influentes e formadoras de opinião no mundo dos negócios. Assim surgiu “A empresa na velocidade do pensamento” (Business @ the speed of thought), que não é um livro técnico, mas sim ideológico; ele exorta as lideranças empresariais a perceber a tecnologia da informação como uma poderosa ferramenta de gestão para os negócios.
Neste novo evangelho “Microsoftiano”, Gates deseja mostrar como a tecnologia poderá contribuir para solucionar problemas ligados à saúde e educação mundiais, que, coincidentemente, são o foco do trabalho filantrópico da Fundação Bill & Melinda Gates. Curioso, não?
Outra curiosidade: em janeiro deste ano, Bill Gates esteve presente no Fórum Econômico Mundial que foi realizado em Davos, Suíça. Ele falou de educação, de saúde, anunciou doações de 100 milhões de US$ para pesquisas médicas, conclamou os grandes empresários a fazer doações, e pressionou o governo Americano para aumentar as verbas destinadas a pesquisas em saúde.
Além disso, Gates tentou resolver alguns problemas. Ele fez várias tentativas para se encontrar com o Presidente Lula, mas não conseguiu. Sua intenção era reverter os planos do governo brasileiro de usar o Linux em suas repartições e oferecer o apoio da Microsoft aos programas de inclusão digital.
Contudo, o marketing de Bill Gates é muito competente. Ele sabe ocupar espaços no mercado. Em seu novo livro, ele prosseguirá em sua cruzada para vender a idéia de um mundo “Microsoftizado”, tentará desqualificar as soluções de código aberto, fará novas previsões – algumas até mirabolantes – e quem sabe apontará novos caminhos para a Microsoft. O interesse de Gates em saúde e educação pode ser uma boa pista.



Orlando Ribeiro (Lan Ribeiro)
Consultor de negócios, Articulista e Redator de conteúdo
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