2/03/2005

Cuidado com o tamanduá

“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. (Raul Seixas)

Em uma floresta tropical haviam diversos formigueiros espalhados. Cada um deles tinha seus limites demarcados por cada comunidade de formigas e, todas elas sem exceção, possuíam um exército para defender seu território contra qualquer tentativa de invasão que fosse promovida por outro formigueiro.

Um certo dia, as formigas vermelhas estavam muito ocupadas em seu trabalho rotineiro quando uma de suas sentinelas avançadas tocou o alarme. Formigas pretas haviam penetrado em seu território e isso significava uma declaração de guerra que deveria ser respondida de imediato. Rapidamente o general das formigas vermelhas deu a ordem para o contra-ataque, e , não demorou muito, a invasão foi rechaçada.

Quase todos os dias havia batalhas na floresta. Com a aproximação do inverno o ritmo do trabalho aumentava, porque as formigas tinham que ir mais longe para obter os alimentos que armazenavam para a época da escassez provocada pelo frio. Nessas circunstâncias era comum que todos os formigueiros invadissem o território umas das outras.

Já às portas do inverno, a floresta era um “fervo” só. Enquanto as formigas operárias se ocupavam em coletar alimentos e as formigas soldados lutavam o dia inteiro para proteger seu território ou invadir o alheio, uma desgraça atingiu a todos de uma maneira fulminante.
Um grande tamanduá, recém chegado no pedaço, atacou todos os formigueiros e dizimou completamente as colônias. As formigas, que estavam tão ocupadas com seus afazeres ou guerreando entre si, simplesmente não perceberam a chegada do inimigo natural e comum a todas elas. Sucumbiram todas!

Esse pequeno “causo” me lembra alguns fatos que acontecem no mercado de tecnologia da informação. Habitualmente, escuto, e às vezes participo, de discussões a respeito de associativismo e parcerias. Sou favorável à idéia. Recentemente, fui convidado para o evento de lançamento do Piso – Pólo Industrial de Software, em Ribeirão Preto. Um sonho visionário mas, também uma grande oportunidade para o crescimento econômico da região.

Também me parece uma tentativa para entender uma série de questões que sempre dividiram as empresas produtoras de software, como por exemplo, a ética. Obstáculos como o individualismo, a vaidade e a desconfiança fincaram raízes profundas neste terreno, de maneira que, ainda levaremos algum tempo para avançar na construção da união de interesses e objetivos. Suponho que aqueles que acreditam neste sonho terão muito trabalho pela frente. Eu admiro quem ousa sonhar. Lembro-me de Raul Seixas, um grande sonhador que dizia: “sonho que se sonha junto é realidade”.

O software é um produto estratégico no mundo contemporâneo. Porém, se a nossa indústria não conquistar um padrão de qualidade internacional será muito difícil sobreviver no futuro. Creio, sinceramente, que a criação de pólos Industriais de software oferece grandes possibilidades. Afinal, a união faz força. Mas é bom ficar atento porque senão, pode aparecer um “tamanduá” no pedaço é aí......... Já era!

"L@n" Ribeiro (Orlando Ribeiro) é Facilitador de negócios em TI, articulista e palestrante.
* Artigo Inédito

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